Começou a quaresma, meus irmãos!!! Tempo de penitência, jejum e oração. Inicia com a quarta-feira de cinzas, que traz sempre a “Campanha da Fraternidade” do ano, – em 2017, o tema será falar dos biomas brasileiros – até o término da missa do lava-pés, na Semana Santa. Mas isso é algo que aprendemos na catequese, toda criança com a devida preparação para a Primeira Eucaristia sabe de cor tudo isso. Então, o que mais eu tenho a aprender sobre esse tempo litúrgico que acontece depois do carnaval e antes da Páscoa?

O principal aspecto, além de tudo o que aprendemos com nossos catequistas nos encontros e grupos, é transformar um período próprio da vida da Igreja num recomeço interior. E isso não é como promessa de fim de ano – “ah, eu vou estudar mais”, “eu vou emagrecer”, “eu vou assistir menos séries” – mas uma perspectiva de eternidade. Não adianta nada fazer uma penitência durante 40 dias para se esbaldar nos outros 325. É incoerente! O evangelho da quarta de cinzas é claríssimo quando fala que esmolas, jejuns e orações devem ser feitos de forma discreta, sem vaidade. É muito frequente vermos pessoas que se gabam dizendo que escolheram uma “penitência difícil”, uma cruz muito pesada. Cruz pesada foi a de Cristo, rapaz! Levante sua cabeça e tenha um verdadeiro propósito. Se for para continuar na mesma, talvez seja melhor nem fazer. Do que vai adiantar? Quais serão os frutos? Vai ser apenas uma competição contra os seus limites, como um reality show, um programa… mas que passa! E o intuito é outro. É tempo de reformulação.

É intrigante ver que as pessoas não conseguem compreender suas próprias limitações e se incomodam com uma correção fraterna do irmão. E aí vão atrás da opinião de outras pessoas, que ganham milhões vendendo verdadeiros best-sellers com livros de autoajuda escrevendo exatamente aquilo que a pessoa já sabe e já foi diversas vezes alertada pelos amigos, mas estava com o coração fechado para compreender. Porque “um profeta não é bem aceito entre os seus”. De todos os pecados capitais, a soberba é um dos menos falados e mais esquecidos. Mas pode ser seguramente considerada a mais perigosa. Porque ela inibe a percepção do certo e errado. O orgulhoso se sente autossuficiente e não admite ser contrariado ou escutar alguma opinião sobre uma falha de sua conduta. Sempre são os outros que estão equivocados e com algum problema. Esse tipo de pessoa dificilmente será um líder. Engraçado porque esse conceito tem sido tão banalizado ultimamente. Tem muita gente que se sente “a bala que matou Kennedy”, “a última coca-cola do deserto” quando assume uma responsabilidade de liderança. Olha os outros de cima pra baixo, não gosta de ouvir e gosta muito de mandar, muitas vezes de maneira humilhante. Esse tipo de pessoa pode ser coordenador, diretor, chefe… mas nunca será um líder. Ela não inspira ninguém a ser melhor, a se superar, a ser aquilo que Deus quer. “Uma pessoa só tem o direito de olhar para outra de cima para baixo quando for ajudá-la a levantar-se” (Gabriel García Márquez).

Amigos, não estamos sozinhos nessa caminhada. Graças a Deus, muitos estão caminhando ao nosso lado. Mas cada um tem sua personalidade, seu jeito, sua forma de agir. Não permita que pessoas preciosas na sua vida se percam pela falta de um empurrãozinho, de uma correção fraterna. E se você for a pessoa que recebeu uma exortação, uma dica, um “tá ligado”, agradeça. Louve a Deus porque se alguém lutou por ti, é porque ela acredita em você. Nessa quaresma busque ser o melhor que você pode ser para os outros. Isso fará de ti o melhor para Deus. Lute para ser fiel, trabalhe sua paciência e compreensão, olhe para os lados. E se tiver difícil, lembre-se de Nossa Senhora, que nunca irá te desamparar nessa luta. A maior batalha é consigo mesmo. Eu sei que você consegue! Deus é contigo!

Santa quaresma!!!

por Hyder Oliveira