Anjos, verdade de Fé- Anderson Carvalho

Por 15 de fevereiro de 2016 Doutrina Nenhum Comentário

Mensageiro, Enviado de Deus, Emissário Divino, Servos de Deus essas são algumas das definições do significado da palavra ANJO – do latim “angelus” – esses seres que habitam o céu e vivem para adorar e louvar à Deus, pois tão somente existem  por um ato de vontade do seu próprio Senhor que os tirou do nada e os trouxe a existência, Os anjos são servidores e mensageiros de Deus, como diz o salmista: “poderosos executores da sua [Deus] palavra, obedientes ao som da sua palavra” (Salmo 103,20).
Quando falamos sobre a real existência dos Anjos devemos observar que trata-se de um assunto dogmático, ou seja, nossa Igreja reconhece a presença angélica como uma verdade de fé, que apesar de conter na Sagrada Escritura, foi reconhecido através ao longo dos anos, através dos Concílios Ecumênicos, ou seja, pela Tradição e Magistério da Igreja. Porém, a definição deu-se no IV Concílio de Latrão datado de 1215. Antes disso, a existência dos Anjos só havia sido afirmada e formulada no Concílio de Nicéia I do ano 325 sob o pontificado do Papa São Silvestre, cujo decreto D.54 explica:
“Cremos em um Deus Onipotente (…), criador de todas as criaturas, de quem, em quem e por quem existem todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, corporais e espirituais”
Podemos observar que, embora na seja citado propriamente a palavra Anjo, o breve texto do decreto abrange e faz menção a sua criação e o reconhece como uma das diversas criações Divinas.
São Paulo diz em sua primeira Carta aos fiéis de Colossos: “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e invisíveis, Tronos, Dominações (ou Soberanias), Principados, Postestades (ou Autoridades): tudo foi criado por Ele e para Ele”. (Cl 1, 16)
O Concílio de Florença, sob o pontificado de Eugênio IV (1441-2) – pelo Decreto “Pro-lacobitis”, e pela Bula “Contate Domine”– de 4 de janeiro de 1441 assim se expressou: “A sacrossanta Igreja romana crê firmemente, professa e prega que um só é o verdadeiro Deus (…), que é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, o qual quando quis, por sua vontade criou todas as criaturas, tanto espirituais como corporais” (D.S, 706).
O Concílio de Trento (1545-1563) repetiu o ensinamento tradicional definido no IV Concílio de Latrão. Lê-se no Catecismo Romano e na profissão de Fé expressa na Bula “lniunctum nobis” do Papa Paulo IV de 13 de novembro de 1564: “Deus criou também, do nada, a natureza espiritual e inumeráveis Anjos para que o servissem e assistissem”. (1ª parte, Cap. 2, a.1 do Símbolo, n. 17).
O Concílio Vaticano I (1869-1870) pelos decretos 3002 e 3025 da “Constitutio de fide catholica” -(DS, 1873) – e “Dei Filius”, ao condenar certos erros, afirma:
“Este Deus único verdadeiro (…), com um ato libérrimo no início dos tempos, fez do nada ambas as criaturas, a espiritual e a corporal, isto é, a angélica e o mundo; depois a criatura humana, como que participando de ambas, constituída de alma e de corpo”. O mesmo Concilio condenou os que “Afirmam que fora da matéria, nada mais existe” (Dec. 3022, 3025 – “Contra o materialismo”, D.S., 1802).
“Se alguém negar que existe um só Deus verdadeiro criador das coisas visíveis e invisíveis, seja anátema” (D.S. 1801). “Se alguém disser que as coisas finitas, quer sejam corpóreas, quer espirituais são emanações da substância divina (…) seja anátema” (Contra o Panteísmo, Cânon 4).
Na Encíclica “Summi Pontificatus”, de 20 de outubro de 1939, Pio XII lamenta que “alguns ainda perguntem se os Anjos são seres pessoais e se a matéria difere essencialmente do espírito” (D.S. 2318).
O Concilio Vaticano II (1962-1965) na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, fala claramente dos anjos: “Portanto, até que o Senhor venha com toda sua Majestade, e todos os Anjos com Ele” (cf. Mt. 25, 31) – (LG, 49).
“A Igreja sempre acreditou estarem mais unidos conosco em Cristo, venerou-os juntamente com a Bem-aventurada Virgem Maria e os Santos Anjos com especial afeto (…)” (LG, 50). No capítulo VIII sobre “A Bem-aventurada Virgem Maria no Mistério da Igreja” lê-se: “Maria foi exaltada pela graça de Deus acima de todos os Anjos e todos os homens, logo abaixo de seu Filho, por ser a Mãe Santíssima de Deus” (LG, 66).
“Todos os fiéis cristãos supliquem insistentemente à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que Ela, que com suas preces assistiu às primícias da Igreja, também agora exaltada no céu sobre todos os Anjos e bem-aventurados (…)” (LG,69).

As menções que são feitas na Palavra Sagrada não indica o momento exato de sua criação, nem as circunstâncias de como vieram a existir, reforçando assim a idéia de que Deus, com toda sua onipotência, simplesmente os criou, do nada, “em Cristo”, e a serviço de Deus e da igreja, ressalto o que foi ora colocado: “A existência dos anjos é dogma”.
O Catecismo da Igreja afirma sem hesitação a existência dos Anjos: “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de Anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito disso é tão claro quanto à unanimidade da Tradição” (§ 328), ou seja, devemos considerá-los de fato como seres reais e não como símbolos, abstrações, ou até mesmo termos a idéia de que nos é dada quando criança, de que seriam uma espécie de personificação literária ou até mesmo fantasiosa. Apoiados em nossa Fé, sabendo da infinita misericórdia que Deus tem para conosco, devemos acreditar de fato que eles existem.
Apoiados na Tradição Católica acredita-se que o número de anjos criados por Deus é bem superior ao número de homens criados, visto que cada um possui um anjo de guarda diferente. A Escritura fala de milhares de milhões(Dn 7,10), de miríades(Hb 12,22).
Dentre as funções designadas pelo Criador à esses seres angélicos, uma foi dada como forma de uma proteção maior à cada um de nós, ou seja, foi designado no céu dentre os anjos que permaneceram obedientes à Deus, um Anjo da Guarda à cada ser humano: “Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90,11-12).
São Francisco de Sales em um dos seus textos elucida que a tarefa dos anjos é levar nossas orações à bondade misericordiosa do Altíssimo e de nos informar se elas foram atendidas. Tendo em vista que as graças que recebemos provém de Deus, que é o alfa e o ômega de nossa vida, mas através do nosso amigo e protetor guardião.
São Tomás de Aquino diz que: “Os anjos tem nove coros, são miríades, milhares, bilhões de anjos, são eles: Serafins, querubins, tronos, dominações, potestades, virtudes, principados, arcanjos e anjos”. Porém chamamos todos de anjos, embora existam todos esses coros. Alguns estão mais perto de Deus, outros estão mais à serviço do homem.
Antigamente a celebração dedicada aos Anjos da Guarda, surgiu por volta do ano 400, na Espanha, propagando-se depois por toda Europa. Porém, ainda antes ocorria no dia 29 de setembro juntamente com a festa do Arcanjo Miguel. No dia 2 de outubro de 1670 foi fixado pelo Para São Clemente X, para celebrar separadamente o nosso Santo Anjo da Guarda.
Devemos ter sempre um grande afeto e carinho por nosso Anjo, de forma a descobrir a amizade que já é fidelizada por ele desde o momento em que nos fora confiado, devemos amá-lo, honrá-lo e invocá-lo. Devemos agradecê-lo por nos manter longe das ciladas e armadilhas que o inimigo de Deus nos prepara, por sempre estar vigilante de forma a desviar os dardos inflamados do maligno. Foi o demônio que persuadiu Adão e Eva a pecarem, e pela sutil desobediência, repercutiu de forma devasta no mundo, então quem não acredita no seu Santo Anjo, também não deve acredita no demônio (anjo desobediente e soberbo). As tentações do demônio vencem-se com vigilância, jejum, mortificação, oração e confiança à Santíssima Virgem e ao Anjo da Guarda. Nossa Senhora tendo sido preservada da mancha original, comanda toda legião de Anjos de céu e da terra. Cumpre por seu ofício divino na batalha esmagar a cabeça de Satanás. Invocada por tão nobre título como Rainha dos Anjos.
Se você ainda não tem, ou não buscou uma relação mais amistosa, mais íntima com seu Anjo, interceda agora por ele, rogue e agradeça à Deus por tamanha bondade de designar a mim um protetor que não dorme, que não se cansa de vigiar-me e de sempre tentar me conduzir no caminho da glória eterna.

Rezemos a oração ensinada pelo Papa Clemente X:
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso e guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine, Amém”.

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