Docilidade ao Espírito Santo nas provações- Luana Lóscio

Amados irmãos em Cristo, neste mês o boletim trata acerca de oração, que é a armadura de qualquer cristão. Nesta formação em particular, trataremos sobre como ser dócil ao Espírito Santo de Deus nas provações que enfrentamos na nossa caminhada espiritual. Primeiramente, o que é provação? É muito comum que confundamos tentação e provação, porém, essas são antagônicas, e é muito importante que saibamos diferenciá-las para lidar de forma melhor com essas situações. A tentação é originária do Inimigo, do mundo, da carne e é, aparentemente, agradável, pois visa nos seduzir. É o impulso inicial a cometer o pecado e, se consentida, leva ao pecado e tem como fruto a morte espiritual, o afastamento de Deus. Já a provação, tem origem divina e é necessária ao amadurecimento, ao crescimento espiritual. É a prova, o teste que Deus propõe aos Seus amados e que visa nos aperfeiçoar, nos moldar e nos aproximar d’Ele. Deve ser considerada, portanto, como um momento de graça e de benção.

Ser dócil tem como significado ser fácil de guiar, ser obediente, ser submisso. Porém, a nossa natureza humana é de querermos ser autossuficientes, de não permitirmos ser orientado por ninguém, nem mesmo por Deus. Ser dócil ao Espírito Santo nas provações é ser obediente e submisso a Deus para melhor vivenciar a prova, o teste que Ele próprio nos propõe para nos aperfeiçoar e nos moldar visando o nosso crescimento e amadurecimento. Portanto, além de nos dar a graça da provação, Deus ainda nos auxilia para que possamos obter êxito nessa provação.  Ao sermos dóceis ao Espírito Santo e orientarmos todas as nossas ações, pensamentos e sentimentos segundo a vontade de Deus, passamos a ver as provações não mais como renúncias, pesos ou sacrifícios, mas sim como os momentos de graça que elas realmente são, como as oportunidades que Deus nos concede de nos aperfeiçoar e nos moldar para assim nos fazer crescer e nos fazer amadurecer.

É importante ressaltar que não devemos procurar ser dóceis ao Espírito Santo apenas nas provações, a docilidade a Ele deve ser um exercício permanente em nossa caminhada espiritual, com ênfase também nas tentações, pois o Paráclito nos inspira e impulsiona a todo momento, mesmo que não sejamos dóceis à Sua monção. Esse deve ser um combate constante que travamos com nós mesmos, pois tendemos sempre a considerar tudo a nível terreno, à satisfação e à afirmação individual e imediata. Ao exercitarmos constantemente a docilidade ao Espírito Santo passamos a experimentar a Sua eficácia em nos auxiliar ao nos inspirar e nos impulsionar à vontade de Deus e conseguimos ter uma visão mais ampla de tudo o que nos rodeia, percebendo que tudo faz parte dos planos de Deus.

Temos que entender, também, que a ação do Espírito Santo em nós não é algo que nos faz seguir inconscientemente a vontade de Deus, suprimindo o nosso livre arbítrio. Pelo contrário, o Paráclito atua como um hóspede da nossa alma – não elimina a liberdade da criatura, mas manifesta a Sua potência ao cooperar com ela ativa e eficazmente. A graça da ação do Espírito Santo em nós consiste em escolhermos livremente pela vontade de Deus, mesmo que essa seja contrária a nossa, sob a monção do Espírito Santo.

A docilidade ao Espírito Santo nas provações permite-nos experimentar, ainda, o poder salvífico e santificador desses momentos de provação, como é possível verificarmos na vida dos santos, os que mais sofreram provações e os que as vivenciaram com docilidade ao Paráclito, permitindo, assim, serem moldados, aperfeiçoados e santificados por Deus, bem como salvos por Ele. A Rainha dos Santos, Maria Santíssima, é, portanto, o mais perfeito modelo de docilidade ao Espírito Santo. Não há criatura humana que conheça melhor a eficácia da ação do Espírito Santo, nem que tenha escolhido livremente pela vontade de Deus e que tenha exercitado a docilidade ao Espírito Santo de forma mais perfeita e completa.

Portanto, rogando sempre pela intercessão de Maria e buscando sempre imitá-la, e como consequência ao Seu Filho, devemos incessantemente exercitar a docilidade ao Espírito Santo nas nossas orações e, consequentemente, nas nossas ações. E, ainda, não devemos rejeitar a graça que Deus nos concede de nos provar e de nos auxiliar a obter êxito nessas provações. As provações são uma manifestação concreta do amor de Deus, bem como a ação do Espírito Santo em nos auxiliar a obter êxito nelas. Não devemos almejar alcançar graças de Deus de acordo com a nossa vontade, devemos apenas almejar sermos provados por Deus e sermos dóceis ao Espírito Santo para melhor vivenciar essas provações, pois dessa forma temos a certeza de que Ele nos ama e que pretende que sejamos cada vez santos e perfeitos, que alcancemos a Salvação e a vida eterna junto d’Ele.

O Senhor nos dá tantas graças e nós pensamos que tocamos o céu com um dedo.
Não sabemos, no entanto, que para crescer precisamos de pão duro, das cruzes,
das humilhações, das provações e das contradições.
” (São Padre Pio de Pietrelcina)

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