Essa é pra detonar – Divórcio- Letícia Alves

Por 15 de fevereiro de 2016 Doutrina Nenhum Comentário

Facilitação do processo de divórcio e aprovação da união estável de casais homossexuais: o que esses dois fatos têm em comum além de sua recente efetivação no Brasil? Ambos exemplificam a crescente banalização sofrida pela sexualidade e, consequentemente, pelo sacramento do Matrimônio. Ou seja: o ciclo vicioso criado a partir da desobediência às recomendações da Igreja, sustentadas pelas Sagradas Escrituras, que dizem respeito à sexualidade e à união matrimonial, geralmente, é iniciado pelo sexo fora do casamento e concluído com o divórcio.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a sexualidade e o amor estão inseparavelmente unidos e, portanto, o encontro sexual só pode acontecer se houver um contexto de amor fiel e sério (cf. CIC §2337). Mas, nos dias atuais, diante da ascendente mania do relativismo, como ter certeza de que estamos vivendo, realmente, um amor fiel, verdadeiro e forte o suficiente para sobreviver às dificuldades? É aí que entra a castidade, tão falada na bíblia, do Velho ao Novo Testamento, e repetida tantas outras vezes pela doutrina cristã: “Um amor casto é um amor que se defende contra todas as forças internas e externas que o procuram destruir” (CIC §2238).

O esclarecimento sobre a forma como a sexualidade deve ser vivida pelo cristão é essencial para o entendimento do Matrimônio como Sacramento e, consequentemente, para a aceitação da sua indissolubilidade. “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher e já não são mais que uma só carne” (Gn 2, 24). Analisando profundamente essa passagem bíblica, nota-se que ela não fala somente do ato de unir-se a outra pessoa: ela abrange desde o casamento entre o homem e a mulher e a formação de uma nova família até a consumação dessa união, realizada pelo ato sexual, que funde ambos os corpos, os corações e as almas em uma coisa só.

Ora, para um só corpo ser transformado em dois, ele tem que ser repartido, fato que o levaria à morte. Dessa forma, como o único corpo formado pelo casamento e sua consumação pode ser partido ao meio? Longe de ser apenas a consequência de uma metáfora, a indissolubilidade do Matrimônio é real e “encontra a sua verdade última no desígnio que Deus manifestou na Revelação: Ele quer e concede a indissolubilidade matrimonial como fruto, sinal e exigência do amor absolutamente fiel, que Deus Pai manifesta pelo homem e que Cristo vive para com a Igreja” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, FC).

“Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu.” (Mc 10, 8-9). O Casamento, repita-se, é um sacramento, ou seja, é sinal visível da graça invisível de Deus, “e jamais pode ser visto como mero contrato entre um homem e uma mulher” (Sou Católico- Vivo minha Fé). O casal, ao pronunciar as palavras “Até que a morte nos separe”, não está fazendo um juramento diante apenas da família, da sociedade e da Igreja, mas, principalmente, de Cristo. Dessa forma, a decisão de casar-se deve ser tomada, sempre, quando se há muita certeza de que o outro é, verdadeiramente, a “outra metade do seu corpo”.

“O sacramento do Matrimônio significa a união de Cristo com a Igreja” (CIC §1661), que é a Sua esposa. Imagina se Jesus quisesse se divorciar da nossa Igreja? As portas do inferno, com certeza, prevaleceriam sobre ela (Cf. Mt 16, 18). É claro que, em algumas situações, torna-se praticamente impossível a manutenção da coabitação matrimonial, por ela ser construída por um homem e uma mulher, que são humanos e, portanto, suscetíveis ao erro. Assim, a Igreja permite a separação física dos cônjuges, mas eles não deixam de ser marido e mulher diante de Deus e, então, não podem contrair uma nova união. A melhor solução seria, ainda, uma reconciliação mas, se não for possível, a alternativa é a vivência da castidade (cf. CIC §1649).

“Todo o que abandonar sua mulher e casar com outra, comete adultério; e quem se casar com a mulher rejeitada, comete adultério também” (Lc 16, 18). O adultério é um pecado mortal contra a castidade, e, portanto, os casais em segunda união estão vivendo em pecado e não podem receber a Eucaristia. “Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio” (FC, 84). Esses casais podem voltar a comungar, porém, se, verdadeiramente, se arrependerem, procurarem o sacramento da Reconciliação e pararem de ter relações sexuais. A igreja, entretanto, deve acolher os cristãos que vivem nessa situação, pois, como batizados, eles podem e devem participar da vida da Igreja.

Por fim, a construção de um Matrimônio santo e sem data de validade começa desde o namoro, onde deve ser vivida a castidade, o autoconhecimento e a oração intensa, pois ele não é uma instituição humana e, assim, deve ter como base Jesus Cristo, que é perfeita e verdadeiramente sólido.

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