“Minha mãe juntou as minhas mãos
Ainda quando eram pequenas
E me falou que tinha um Deus
Que era um tal papai do céu
Que era Pai!
Deixa eu ver a mão machucada
Te levanta, deixa essa cama
Estou tão triste, quero falar-te
Fica calmo filho, não chora!
E não sabem dar valor pra essas coisas…
Ter um lar é um tesouro!”

Ao ler a letra dessa poesia musicada por um poeta da vida, com absoluta certeza nos lembramos da infância quando ao cair e nos machucarmos sabíamos exatamente a quem procurar. Quando o medo tomava conta, nós tínhamos um herói em casa e ele nos protegia.

Onde está teu coração aí está o teu tesouro, é assim que nos diz a Palavra de Deus, talvez aí esteja a resposta porque não conseguimos olhar pra nossa família e perceber o tesouro que ela é.

Pergunto-me porque com o tempo vamos perdendo essas referências do que realmente é importante e de quem realmente é importante para nós, não acredito que seja porque descobrimos que nosso pai não é um herói e que nossa mãe também cai às vezes. Acredito muito mais que é porque deixamos o nosso olhar parado em tantos pequenos amores, que satisfazem nossos desejos, que deixamos de olhar para nossa família com um olhar de quem encontrou um tesouro.

A família é como aquele presente que recebemos antes de nascer, nós não a desejamos, então muitas vezes esquecemos que alguém a desejou por nós, esse tal papai do céu que nos fala a música, foi Ele que escolheu esse presente para nós, e acredite Ele nos conhece muito bem e sabe o que precisamos.

Não podemos negar as dificuldades que envolvem a família, não podemos esquecer os pais e as mães que abandonam seus filhos, que não devotam a eles o amor necessário, mas não é por isso que podemos questionar o valor do tesouro que é ter uma família, quem um dia perdeu um pai, mãe ou irmão, sabe que a ausência daquele abraço nunca será preenchida.

É preciso hoje olhar para nosso tesouro com um olhar diferente, é enxergar nas rugas de nossas mães uma mulher que batalhou e batalha por nós, que chora escondido porque não quer parecer fraca, que nos superprotege porque tem medo da solidão, precisamos olhar pro nosso pai e perceber naquele homem calado e que dificilmente dá um abraço mais forte, um homem que tomou para si o encargo de ser pai, de ser homem de família quando talvez ele nem soubesse o que era ser homem de verdade.

Cada família é um tesouro diferente, seria preciso tecer aqui um verdadeiro mosaico pra revelar um pouco de cada tesouro.

Em um mundo onde valorizar o essencial é algo tão difícil, já que somos incitados o tempo todo a querer tudo ao mesmo tempo agora, o convite a enxergar nosso lar como um tesouro é um desafio de gigantes, desafio de quem ainda acredita na vida, de quem acredita no amor, de quem ainda não perdeu as esperanças de que o homem acorde e perceba que ele está perdendo o mais importante.

Pode ser que você não tenha aprendido a rezar com sua mãe, como diz a música, pode ser que você continuou machucado quando caiu porque não tinha ninguém lá por você, pode ser que o medo ainda invada suas noites, porque não tem ninguém pra lhe proteger dos monstros da sua alma, mas não é por isso que você não tem um tesouro, olhe para os lados e, se ainda não conseguir enxergar, olhe para o céu. Sua família celeste olha por você.

É responsabilidade nossa que o mundo não perca o tesouro que é ter um lar, é nossa missão todos os dias redescobrir mesmo em meios às tormentas da convivência que o abraço de mãe, de pai, de irmão é ainda o lugar mais seguro pra gente ficar, é nosso lugar, é nosso lar.

“E não sabem dar valor pra essas coisas…
Ter um lar é um tesouro!”