O livro de atos foi escrito por intermédio do evangelista Lucas durante o primeiro século depois de Cristo e foi considerado durante algum tempo, juntamente com o Evangelho desse mesmo evangelista, um único livro. Após o cânon bíblico foi determinado que a obra de Lucas fosse dividida em dois livros, o Evangelho de Lucas e o livro dos atos dos apóstolos, respectivamente, e que o livro seria o quinto do Novo Testamento. Tal parte do Novo Testamento foca em 3 pontos principais, que seriam: a) os primeiros passos e o estabelecimento da Igreja; b) as primeiras perseguições e a expansão da fé cristã; e c) a chegada do Evangelho e da possibilidade de salvação aos gentios, ou seja, aos não-cristãos.

O livro começa após a paixão de Cristo, em que o Redentor se manifesta vivo perante os 11 apóstolos durante 40 dias e promete que ambos serão batizados pelo próprio Espírito Santo e ascende aos Céus. Os apóstolos perseveram na fé e, após escutarem um ruído vindo do céu, aparece-lhes uma espécie de línguas de fogo, que se repartiam e pousavam sobre cada um deles, fazendo com que falassem em línguas. Eis aí o momento do Pentecostes (At 2). Pedro converte de uma só vez mais ou menos 3000 pessoas e elas passam a fazer parte da primeira comunidade de fiéis; tal comunidade persevera na doutrina dos apóstolos, nas reuniões, na fração do pão e nas orações, unidos, tinham tudo em comum. Muitos milagres e prodígios realizavam-se pelas mãos dos apóstolos e a multidão de fiéis ia aumentando.

Após queixas dos gregos para com os hebreus, os apóstolos se reúnem e decidem escolher sete homens para o ofício da administração. Estevão, um desses sete, causa inveja em alguns judeus por causa de sua graça e fortaleza, fazendo com que tais homens armem contra ele, que é levado ao Grande Conselho (hebraico) e este faz um discurso que tem como consequência o seu apedrejamento. Após sua morte, inicia-se uma grande perseguição contra a comunidade de Jerusalém, fazendo com que os fiéis se dispersem pelas regiões próximas. Saulo, homem que detestava, perseguia e matava cristãos, pediu permissão aos judeus para ir a Damasco, prender e trazer para Jerusalém aqueles que professassem aquela fé. Seu pedido foi aceito e este parte rumo ao seu destino; já perto de Damasco, Saulo é cercado por uma luz vinda do céu e interrogado pelo Redentor: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,3-6), então passa 3 dias sem ver, comer e beber. Ananias é enviado por Ele para orar, Saulo recobra a visão, levanta e é batizado, passa a se chamar Paulo e a proclamar Jesus como Filho de Deus. Pedro é enviado para a casa de um centurião religioso chamado Cornélio, mas antes disso tem uma visão de que uma toalha com vários animais desce do céu, e uma voz diz: “Levanta-te Pedro! Mata e come”, mas Pedro diz que não comerá coisa profana e impura e a voz diz: “O que Deus purificou não chames tu de impuro”. Tal diálogo se repete mais duas vezes e a toalha é recolhida ao céu; Pedro chega na casa de Cornélio, na Cesareia, e começa a falar do legado de Jesus Cristo. Enquanto isso, o Espírito Santo desce também sobre os pagãos, que começam a falar em línguas. Pedro volta a Jerusalém, se explica aos fiéis e conclui que os pagãos também podem ser salvos desde que  temam a Deus e façam o que é justo.

Após a dispersão dos fiéis, que alcançaram a Fenícia, Chipre e Antioquia, a Igreja de Jerusalém envia Barnabé até Antioquia, que havia ido buscar Paulo e retornava àquela cidade. Durante um ano os dois tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram muitas pessoas, de maneira que aqueles fiéis foram pela primeira vez chamados de cristãos (At 11, 25).