Oração, a armadura do cristão- Vanessa Lauanna

A oração, segundo São Carlos Borromeu, é a mais poderosa arma para nos defendermos dos inimigos da nossa salvação. É através da oração que nos encontramos misteriosamente com Deus, atendendo ao seu incansável chamado. Orando, defendemo-nos das tentações, descobrimos nossos defeitos e erros e encontramos a força necessária para submeter às paixões e não ceder ao pecado. Em nossas orações, alcançamos a intercessão do Espírito Santo, que eleva nossa alma a Deus e nos permite encontrar a paz que o mundo não pode oferecer.

Um ponto interessante de discussão sobre a oração é o saber como orar. Muitas vezes, ficamos receosos ao orar porque nos sentimos presos as mesmas palavras e repetitivos frente a Deus. Questionamo-nos sobre o que deve ser dito, sobre as palavras que devemos usar e sobre como nos dirigir a Ele. Assim, é importante entendermos a oração como um diálogo íntimo com o Criador, uma ferramenta para dar graças, proclamar louvores, pedir perdão ou implorar pelo que necessitamos. Para isso, não é necessário usar “palavras difíceis” ou outras nunca antes ditas, afinal, “quais são as palavras que nunca são ditas?”. Basta abrirmos o coração, agindo com espontaneidade, e, humildemente, conversar com Aquele que deve ser o nosso melhor amigo, usando palavras sinceras. “Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe do que precisam.” (Mt 6, 7-8)

Portanto, não é preciso temer a oração, mas enxergá-la como a nossa maior arma frente às misérias do mundo, entendê-la como um sinal de fé. A oração é a armadura do cristão, a expressão do espírito e o meio pelo qual o Criador deseja e pode ser encontrado. Através dela traçamos o caminho espiritual que nos aproxima de Deus. Um ensinamento que podemos tomar como exemplo é o de Santa Ângela de Foligno, que dizia: “Nossas orações devem ser clamores interiores, violentos, potentes, repetidos que arrancam à força as graças das entranhas do Pai Celeste”. Além disso, orar não se resume em invocar auxílio, necessitamos de contemplar Jesus. Contemplar é imitar Cristo, fazer resplandecer em nossa face o Seu semblante, agir como Ele agiu. Por isso é imprescindível que tenhamos uma vida diária de oração, mantendo um contato direto com o Pai e fazendo da nossa prece um elemento transformante do espírito.

Uma prece feita com devoção nunca fica sem resposta.  Jesus Cristo nos ensinou a orar com insistência, pois no momento mais oportuno, Deus atenderá a prece à sua maneira. Não podemos exigir que seja feita a nossa vontade, mas a vontade do Pai Celeste (Lc 22, 42) e, muitas vezes, a melhor resposta divina é a fortaleza interior para se suportar pacientemente as tribulações da existência terrena. “Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisarem e orem sempre com o coração agradecido. E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus.” (Fl 4, 6-7)

Dessa forma, é preciso que façamos uma profunda reflexão sobre a nossa oração pessoal. Mesmo com tão poderosa arma em nossas mãos, será que realmente damos a importância devida ao momento de oração? Será que reservamos diariamente um tempo do dia para essa conversa com Deus, um momento de prece individual? É importante que fiquemos sempre atentos a isso, pois como já dizia Jesus, é necessário orar sempre e nunca desanimar.  “Orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus.” ( 1 Ts 5, 17-18)

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