Amor e Castidade- Aline Melo

Nos dias de hoje é bastante comum a dificuldade de conciliar amor e castidade no namoro. Isto porque foram inseridas na sociedade, principalmente por meio da mídia, ideias deturpadas sobre o amor: “nada é pecado quando se faz por amor”, sendo este um amor libertino, em que é necessária a expressão sexual. Nesse mundo atual, onde vivemos tanta promiscuidade, onde falta o conhecimento do que de fato é o amor, a exigência de Deus para nós é a castidade.

Todos nós sentimos um desejo profundo e natural de encontrar um amor verdadeiro. Mas, infelizmente, o que muitos de nós não entendemos é que o verdadeiro amor só é aquele que for de acordo com a vontade de Deus. Nos planos do Senhor, para conhecer e viver o amor de verdade é necessário a vivência da castidade.

A castidade, no Catecismo da Igreja Católica, é a integração correta da sexualidade na pessoa. A sexualidade, diferente do que muitos pensam, não é algo contrário à castidade. A falta de equilíbrio em nós faz com que a visão da sexualidade seja distorcida. Quando reconhecemos a necessidade de renunciar a sexualidade desordenada, de forma nenhuma significa que vemos o sexo como algo impuro ou pecaminoso. Significa que enxergamos a sexualidade como algo tão cheio de dignidade que não pode ser vivido de qualquer maneira.

O namoro é um período de conhecimento, em que vamos aprender a conviver com o outro, a lidar com as dificuldades e a respeitar as diferenças. É também um tempo de escolha, em que vamos decidir com quem ficaremos por toda a vida. No entanto, o ato de se conhecer não pode ultrapassar certos limites. Muitos jovens acreditam que o amor deve ser acompanhado do ato sexual, porque o sentimento pede para ser manifestado e nada mais natural do que fazê-lo através do corpo. Porém, esse é um pensamento que não engloba o amor verdadeiro, pois faz do outro um simples objeto de prazer. É neste momento que devemos entender que sem o respeito e a dignidade devidos ao corpo, que é templo do Espírito Santo, torna-se quase que inviável conseguir o objetivo de ser e fazer alguém verdadeiramente feliz no amor. Precisamos ter consciência que o corpo não é um objeto de prazer, mas instrumento de amor.

Deus não criou o homem e a mulher para viver o prazer separado do amor. Ele deseja que eles vivam a união sexual, com amor e prazer unidos, no momento certo que é no matrimônio. Os namorados precisam viver a castidade, sabendo delimitar fronteiras que vão permitir que se sintam ligados afetivamente sem se concederem tudo aquilo que o impulso emotivo e carnal pede.

Mas como expressar o amor no namoro de tal modo que seja casto? Até onde se pode manifestá-lo fisicamente sem cair em pecado? Devemos enfatizar aqui a importância de não querer consumar tudo e logo: de saber esperar, de lidar de modo gradual com as expressões afetivas. Ou seja, o amor casto é uma caminhada gradativa, que requer muito esforço e paciência. Ternura, atenção recíproca, afetuosidade respeitosas são expressões que cultivam o amor e o mantêm casto.

Durante o namoro, a castidade pode se manifestar pelo tempo, pela distância e pelo sacrifício, pois o verdadeiro amor sabe esperar o tempo certo, sabe separar os corpos para unir as almas e sabe abster-se de prazer por causa do outro. Essas exigências da castidade são um grande desafio para todos nós que queremos viver nos caminhos do Senhor. Um grande esforço, então, deve ser feito continuamente, para vivenciar a virtude da castidade e consequentemente viver o amor. Os sacramentos da confissão e da comunhão, assim como o jejum e a oração, são um grande e poderoso auxílio nessa luta pela castidade. Através deles podemos melhor entender que o motivo da castidade é o amor, e por isso ela é algo tão belo e tão precioso.

A castidade, portanto, vai muito além do “não fazer sexo antes do casamento”. É uma proposta de vida na qual você de fato entrega seus sentimentos da forma mais pura e verdadeira possível à pessoa com a qual você deseja passar o resto de sua vida. É um chamado que Deus nos faz para deixar de lado o prazer fugaz e ir em busca daquilo que realmente vale a pena: o amor verdadeiro. É uma virtude e um dom de Deus, na qual o Espírito Santo nos concede o dom de imitar a pureza de Cristo, através do Batismo. E é por meio dela que aprendemos a dominar a nós mesmos e passamos a ver e tratar o outro como Deus deseja, com transparência nos atos, pensamentos e palavras.

Que a Santíssima Virgem Maria venha em nosso auxílio para que possamos verdadeiramente consagrar-nos a Deus em castidade!

Deixe uma resposta