A cruz de cada dia

“Depois Jesus disse a todos: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará'”. (Lc, 9, 23-24)

Assim, de forma clara e objetiva, Jesus Cristo expõe o sentido do cristianismo; tomar sua cruz, diariamente, com acertos e erros, qualidades e defeitos, calmarias e tribulações e segui-lo. Mostra-nos o caminho à santidade.

Um dos maiores desafios enfrentados por nós, cristãos, é a vivência constante e correta dessa Cruz diária. Somos fracos, isso é óbvio, mas temos que lutar bravamente para alcançar essa meta. Tentamos muitas vezes buscar a santidade de forma equivocada, achando que basta ter uma vontade firme e desejo reto. Esquecemos que a graça de Deus está inequivocamente ligada a cada vitória alcançada nessa longa caminhada, essa graça de Pai, que nos ama, cuida e ajuda a carregar a Cruz.

‘Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural. Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos! Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et resurrectio nostra: ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição.’  Via Sacra, IIª estação, n. 5.

Além de fracos, somos infiéis, pois deixamo-nos vencer facilmente em situações que nos levam a cometer pecados veniais e algumas vezes, mortais. Não sabemos lidar com as pequenas ‘alfinetadas’ que recebemos, pelo contrário, somos indiferentes na maioria das vezes, quando encontramos dificuldades e desafios, agimos como se nosso Pai não tivesse enviado Seu filho em nossa redenção, como se Ele não estivesse tal como São Cirineu, carregando nossa Cruz conosco.

Se as coisas correm bem, alegremo-nos, bendizendo a Deus que dá o incremento. – Correm mal? – Alegremo-nos, bendizendo a Deus que nos faz participar da sua doce Cruz.’ (Caminho, 658)

Para vencer as batalhas diárias, é preciso oração, penitência e comunhão. É necessário entrar em intimidade com Deus, ser confidente, amigo. Outro ponto importante é a mortificação, pois não há santidade sem sacrifício, então é preciso ter força e coragem! É difícil para todos, não há exceção, quantas vezes em nossa vida parece que não vamos aguentar, a Cruz é pesada demais. Mas temos meios e ferramentas que nos auxiliam nessa batalha, tais como; Santa Missa, Santo Terço, Lectio Divina, entre inúmeras outras. Nossa Igreja é uma verdadeira escola de santidade, que nos ajuda a encarar os pormenores da vida com perspectiva sobrenatural.

‘O amor tem necessariamente as suas manifestações características. Às vezes, fala-se do amor como se fosse um impulso para a satisfação própria, ou um simples recurso para completarmos em moldes egoístas a nossa personalidade. E não é assim: o amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria com as raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor. Uma dor que se saboreia, que é amável, que é fonte de íntima alegria, mas que é dor real, porque supõe vencer o egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma de nossas ações.’ (É Cristo que passa, 43)

“Omnia possibilia sunt credenti”. – Tudo é possível para quem crê. – São palavras de Cristo. (Caminho, 588), então acredite que se for fiel, lutar firmemente e tomar sua Cruz cada dia, alcançará a salvação. Sê fiel, como nosso Pai santo é fiel. Pede a Nossa Senhora esse auxílio, ela que soube como nenhuma outra criatura tomar a Cruz constantemente, durante toda a paixão e principalmente no calvário, abraça com amor e fidelidade o plano de Deus. Que ela interceda por nós nessa luta árdua e, de forma especial, nesse período quaresmal. Caminhemos ao lado da Rainha da Paz, para que suportemos com alegria cristã essa ‘Cruz de cada dia.’

São José, rogai por nós.

por David Kitanda

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