A mancha do pecado e a infinita misericórdia de Deus

“Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (1488); O Catecismo da Igreja Católica nos mostra tamanha a natureza do pecado.

A prática do mal e do errado faz parte da experiência humana desde sempre. Começou com Adão e perpetua até hoje com seus filhos. Na Exposição do Credo, de São Tomás de Aquino, quando ele fala que há duas mortes, a primeira quando a alma se separa do corpo e a segunda, quando a alma se separa de Deus. Nessa, a pior, eis onde o surge o pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23), disse São Paulo.

Santo Agostinho dizia que: “É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo”. Dessa forma, afirmando que a cada vez que pecamos, não reconhecemos o quão pequeno somos e não enxergamos nossos pecados de um jeito em que os mesmos vão ferir nossa própria alma, Deus permite que percebamos no dia a dia o quanto ficaremos “longe” dele.

Quanto mais longe ficamos dele, mais fechamos nosso coração, não por escolha própria, mas pelo fato de que toda vez que pecamos e não nos arrependemos, todo pecado cometido retira uma parte de nossa alma e forma uma pequena nuvem escura em nosso coração. Essa nuvem, a cada dia que passa e a cada outro pecado cometido, vai tomando um tamanho maior. De uma forma, que chega um dia em que já não conseguimos ouvir no nosso coração a voz de Deus e nos sentimos longe dele, longe da sua vontade.

Por meio disso, o pecado idealiza uma “mancha” em nós que a cada dia e instante nos puxa sempre ao mesmo pecado, ao mesmo erro. É possível perceber que cada vez que nos deparamos com situações propicias, essa mancha começa a arder, os erros vêm a tona, o que pode nos levar a permitir que os mesmos tomem conta da nossa alma. E o nosso coração, a ponte que nos leva a Deus, está coberto por nuvens, e essas estão impossibilitando a escuta da voz de Deus, nos chamando a não voltar atrás. Santo Agostinho sintetiza o pecar em: “Pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada”.

Contudo, Deus não desiste! Não existe pecado que seja capaz de afastar de nós o amor e a misericórdia de Deus.   Quanto mais devastados nos encontramos, mais a misericórdia nos persegue, pois deseja nos ver limpos e puros de toda mácula. Porém, quando não exercitamos a fé por meio da confissão e da comunhão, estamos desprezando a misericórdia de Deus.

Por muitas vezes, justamente no maior momento de vergonha, devemos procurar o perdão e o amor de Deus. Com isso são nesses momentos em que nossas feridas estão abertas e sangrando, que Deus por meio do seu poder nos chama e acolhe no seu imenso abraço nos dando a chance de retomar nossa caminhada e o nosso lugar no reino de Deus.

A missão da Igreja, assim como Jesus, é também a de salvar as pessoas do pecado. Se isto não for feito, a Igreja se esvazia e não segue o plano e a missão dada pelo senhor.

por Lucas Telesforo

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