Amizade em Deus- Vanessa Lauanna

Por 15 de fevereiro de 2016 Reflexão Nenhum Comentário

É interessante pensar que normalmente nós, alienados pela correria do dia a dia, esquecemos de contemplar as coisas mais simples que estão ao nosso redor. Raras são as ocasiões, por exemplo, em que olhamos para o céu e admiramos a beleza das nuvens, como fazem as crianças; ou os momentos em que nos deixamos encantar pela beleza do oceano, criação tão perfeita de Deus. Raras são também as vezes que reconhecemos a natureza divina dos relacionamentos que construímos.  A amizade, por exemplo, mesmo sendo fruto da mistura dos sentimentos mais puros e sinceros que nossos corações podem experimentar, é tanto esquecida, ou até mesmo banalizada, que sua essência se esconde por trás da fragilidade das relações que o mundo dos sentimentos descartáveis impõe a quem se deixar enganar pelas suas falsas promessas.

Cabe-nos, portanto, refletir sobre a existência desse dom em nossa vida. Será que sabemos reconhecer a amizade como um dom de Deus ou a interpretamos como uma forma de conquistar interesses individuais? Será que aquilo que nós entendemos como amizade é uma expressão de amor e doação ao próximo ou é simplesmente um sentimento frágil que por qualquer vento mais forte é descartado? Ou melhor, será que montamos laços de amizade fortalecidos pelo amor que vem de Deus? São essas algumas das perguntas que precisamos fazer a nós mesmos a fim de analisar a verdadeira profundidade dos sentimentos que preenchem os nossos corações.

No Evangelho de João, há uma passagem em que Jesus Cristo anuncia a amizade como um dom divino, mostrando-nos o porquê da necessidade de amar ao próximo tal como Ele amou e ensinando-nos a contemplá-lo, ou seja, a agir como Ele agiu, imitando suas ações a fim de alcançar um coração semelhante ao d’Ele. Vejamos:
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.” (Jo 15, 12-17)

Nesta passagem, Jesus nos traz dois ensinamentos. O primeiro é encará-Lo como amigo e não como alguém inalcançável. Para isso, é preciso que busquemos conhecê-Lo melhor, o que é possível por meio da leitura da Palavra Sagrada, a Bíblia, e através do auxílio da nossa Santa Igreja. O segundo é amar aos amigos como Ele amou, doando-se ao próximo sem barreiras. Doar-se ao próximo significa não medir esforços quando for preciso assisti-lo, é estar presente em todos os momentos da sua vida, dividindo os mais diversos sentimentos.  Doar-se é também invocar os santos e os anjos para a proteção daquele que ama, é agradecer a Deus todos os dias pela existência do dom da amizade com os irmãos.

Dessa forma, fica claro para nós a necessidade de ter uma amizade firmada pelo amor de Deus. Os amigos, família que o Pai do Céu nos permitiu escolher, são uma das manifestações mais claras do amor de Deus na nossa vida, “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante.” (Eclo 6, 14-17)

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