Queridos irmãos em Cristo, nos reunimos mais uma vez através do nosso boletim que neste mês trata sobre fidelidade. Para vivenciarmos a fidelidade, para sermos fiéis seja a Deus ou ao nosso próximo, é necessário que primeiramente percebamos a fidelidade de Deus à nós. É importante perceber que essa fidelidade não é de caráter humano e sim divino – imutável e perfeita – e que se manifesta em nossas vidas independentemente de nossa fé, de nossa vontade e até mesmo de nossa fidelidade à Ele. Além de perceber, precisamos crer firmemente e, além disso, vivenciar a fidelidade de Deus mesmo nas tentações ou provações pelas quais passamos em nossas vidas, tendo confiança de que Ele cumprirá todas as Suas promessas e de que a Sua vontade, portanto, é o melhor para nós.
Nós, como imagem e semelhança de Deus e como cristãos que buscam imitá-Lo, podemos, ou melhor, devemos também ser fiéis tanto a Deus como ao nosso próximo. Trataremos mais especificamente da fidelidade ao próximo, sendo essa uma forma de fidelidade a Deus, pois o próximo é também imagem e semelhança de Deus. Os nossos próximos, porém, não são apenas os católicos ou as pessoas do nosso grupo de oração, não são apenas as pessoas que creem e buscam viver em Deus e imitá-Lo assim como nós, mas são principalmente os nossos familiares, os nossos amigos, os nossos namorados, os nossos colegas de colégio, faculdade ou trabalho, são todos os que nos cercam. É principalmente através dessas pessoas que nossa fidelidade ao próximo, e portanto a Deus, é provada e que podemos buscar imitar a fidelidade de Deus, sendo fiéis aos que nos rejeitam, aos que não desejam essa fidelidade e aos que são infiéis à nós.
Um bom exemplo de fidelidade a Deus e ao próximo é o ideal de mãe e esposa cristã, Santa Mônica, que tendo um marido infiel, violento e pagão permaneceu orante e fiel à ele, alcançando a graça de ver sua conversão e, mais tarde, alcançou também a conversão de seu filho mais velho, Santo Agostinho, que era volúvel e inconstante, tendo se inclinado para o mal, pelo qual orou e fez penitência durante muitos anos. Santa Mônica nos mostrou, portanto, que é possível pela oração, pela penitência e pelo exercício das virtudes cristãs – amor, mansidão, paciência, entre outras – ser fiel a Deus e ao próximo em nossas vidas, mesmo em meio à tribulações, além de ser uma forma de buscarmos a santidade, a plenitude cristã e de evangelizarmos o próximo através da presença de Deus em nós, do Espírito Santo que está em nós e no próximo. Não podemos esquecer ainda do exemplo de Maria, que fez da sua vida uma expressão de confiança na fidelidade de Deus, de fidelidade a Deus e à toda a humanidade.
Ser fiel ao próximo é uma constante luta contra a nossa humanidade, mas Deus nos permite aspirar a isso, portanto não é algo impossível. Para nos auxiliar, Ele oferece o Seu Santo Espírito para nos guiar e nos permitir ir contra a corrente da sociedade na qual estamos inseridos e que prega a inversão de valores, a distorção da ética e da moral, enfim, que prega a mobilidade e a flexibilidade em tudo, inclusive nas relações humanas. Então, estarmos em comunhão com Deus tanto física como espiritualmente – através dos Sacramentos, principalmente da Eucaristia, e da oração pessoal e comunitária –, abrir o nosso coração e a nossa alma para que o Espírito de Deus nos conduza e nos proporcione imitar a fidelidade divina através da nossa fidelidade humana é o caminho mais fácil, rápido e seguro para sermos realmente fiéis ao próximo.
“Não se afastem de ti a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço, escreve-as na tábua do teu coração, assim acharás favor e bom entendimento à vista de Deus e dos homens.” (Pr 3,3-4)
Comentários