O Amor à Liturgia – Yuri Menezes

Ao contrário do que muitos pensam a liturgia não é meramente o encontro de um grupo de pessoas para exaltar a Deus criando para si uma forma própria de fazê-lo, e, também, não é um evento social, onde se pretende mostrar publicamente o amor que se tem a Deus ou, ainda, expor que se cumpre um preceito ou devoção.

A liturgia é, acima de tudo, um serviço divino, sem deixar de ser uma ação do Povo para Deus, é o encontro mais profundo que se pode ter com Cristo, dela emana toda a força da Igreja, é o respirar do Corpo Místico de Cristo, é fonte de vida nova, através da Palavra e dos Sacramentos. O principal elemento da liturgia católica é, justamente, o Sacramento da Eucaristia, é a partir dele que se ordenam a celebração de todos os outros sacramentos, devoções, bênçãos e a Liturgia das Horas.

A essência da liturgia é a comunhão com Cristo, cada ação litúrgica é uma pequena celebração pascal, onde memoramos junto de Cristo, Sua vida, morte e ressurreição, é através dessa memória da nossa Redenção que a liturgia nos ajuda a compreender a infinitude da misericórdia divina, como o sangue do cordeiro salvou os egípcios na passagem do Senhor no Antigo Testamento, o Sangue do Cordeiro de Deus nos salvou ao ser derramado na Cruz, este é o sacrifício que a liturgia perpetua nos altares por todo o mundo há dois mil anos.

“O zelo por tua casa me consome” (Jo 2, 17)

A passagem do livro dos Salmos é usada pelo evangelista para justificar a ira de Jesus ao encontrar o Templo transformado em mercado e nos lembra do zelo verdadeiro que a liturgia demanda pela sua origem, que é o próprio Deus, foi Cristo quem nos mandou repetir aquilo que Ele fez na última ceia, como memorial da Sua Paixão que se consumaria logo em seguida.

As ações, textos, sinais litúrgicos e tudo aquilo que faz parte das celebrações da Igreja não são, de forma alguma, vazios de significado ou de espiritualidade, ao contrário, tudo o que há na liturgia deve ser reflexo da beleza divina, desde as orações, passando pelos presbitérios e vestes. Cada palavra do sacerdote e do povo durante as celebrações compõem uma oração harmoniosa da qual participam os céus e a Terra e pelas quais Deus é exaltado de maneira singular e perfeita.

Nosso dever é cuidar para que a beleza da liturgia nos leve a contemplar a beleza de Deus através de cada sinal e símbolo ali presente, preservando tudo que nela existe, fazendo assim como que a nossa oração litúrgica seja cada vez mais rica em espiritualidade e imergida no sustentáculo da Tradição da Igreja.

“Subirei ao altar de Deus, ao Deus que é a minha alegria” (Sl 42, 4)

O Salmo 42 faz parte da preparação do Sacerdote para a Santa Missa na celebração do Rito Extraordinário, o Sacerdote sobe ao altar para oferecer, em nome do povo e da Igreja, o sacrifício que nos reconcilia com Deus, a Santa Eucaristia.

Devemos nós também subir a este altar a cada Santa Missa, levando em nossas mãos a oferta da nossa vida, devemos unir a nossa cruz cotidiana a Cruz do Cristo que se imola no Altar, devemos nos pôr como vítimas no mesmo Altar, fazendo uma entrega verdadeira a Deus e nos imolando como Cristo se imolou, para assim fazermos parte do mesmo sacrífico de louvor que é a razão da nossa alegria, nos associarmos a Paixão de Jesus, decisão que ecoa da nossa juventude até a eternidade.

O sacrifício único da Cruz, que se perpetua e se atualiza no Altar é um sinal grandioso de Deus que é pleno de amor. Esse é o motivo da liturgia ser tão amável, ela evidencia o próprio Amor, o Deus Único e Verdadeiro, na manifestação mais plena da Sua graça e misericórdia.

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