Ousadia na fé- Pe. Reginaldo Manzotti

Meus queridos filhos e filhas, neste mês de fevereiro começamos a viver a quaresma, período de preparação para a Páscoa do Senhor, através da oração, da penitência e da caridade. Apesar de ser um tempo de retiro espiritual e de recolhimento não podemos ficar apáticos na fé, é preciso ter ousadia.

Para ilustrar, vamos relembrar o Evangelho Segundo Lucas (Lc 5, 17-26), onde alguns homens carregando um doente foram impedidos de chegar até Jesus. Diante do obstáculo, eles subiram no telhado, tiraram as telhas, pegaram a maca e desceram até Jesus, que se maravilhou com aquela ousadia e curou o doente.

Nós deveríamos seguir este exemplo, sendo mais ousados a ponto de fazer loucuras, a ponto de dizer “Jesus, eu estou aqui” e se fazer acreditar. Assim fez a mulher de Cananéia, que num ato de ousadia da fé pediu para que Jesus libertasse sua filha atormentada por um demônio (Mt 15, 21-28). Havia pelo menos três barreiras que poderia desencorajá-la de aproximar-se de Jesus: era pagã, Cananéia e por fim, mulher. Sabemos que naquele tempo, as mulheres não tinham valor diante da sociedade. Mas sua ousadia foi maior que os obstáculos impostos, tendo despertado a admiração de Jesus, que atendeu seu pedido.

Ter ousadia na fé é ir além e, às vezes, tomar atitudes um pouco insanas, em nome de Deus. Muitos santos agiram desta forma, inclusive São Francisco de Assis que ficou nu diante do bispo e de toda a cidade de Assis.

São Maximiliano Kolbe estava preso num campo de concentração quando trocou sua vida por outra. Em represália a uma fuga, o comandante nazista ordenou a morte por inanição de 10 prisioneiros escolhidos aleatoriamente. O sargento Franciszek Gajowniczek, que fora escolhido para morrer, gritou lamentando que nunca mais veria a esposa e os filhos. Então, o santo mártir saiu da fila e pediu ao comandante o favor de poder substituir aquele pai de família. O comandante perguntou, aos berros, quem era aquele “louco” e, ao ouvir ser um padre católico, aceitou o pedido.

Apesar de parecer loucura, eles acreditavam e conheciam Aquele que se confiou. Assumir os riscos, mesmo quando todas as circunstâncias nos parecem contrárias, é confiar em Deus. Nem sempre e nem todos demonstram essa fé ousada. Muitas vezes Jesus repreendeu os discípulos dizendo: “Porque temeis, homens de pouca fé?” (Mt, 8,26 e Mc 4,40).

É preciso acreditar, tomar posse da graça. Quando digo “marque este dia e hora, você será curado, e vai dar o testemunho”, não estou tentando a onipotência de Deus. Isto é ousadia da fé, isso é confiança. Vamos ser como Santa Tereza e terminar dizendo: “Obrigado senhor pela graça que já recebi”

Deixe uma resposta