Por que Deus quis nos salvar?- Letícia Albuquerque

Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança e viu que tudo o que havia criado era bom. Deu ao ser humano apenas uma restrição no Jardim do Éden: que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois a partir do dia que a comessem, estariam caminhando para a morte. Porém Adão e Eva o desobedeceram e, a partir de então, se afastaram de Deus. A partir de agora, voltariam a ser pó, ou seja, morreriam (Gn 1-3).

Essa foi a primeira vez que o homem e a mulher desobedeceram a Deus. Ele, porém, provou inúmeras vezes seu amor por nós. Em primeiro lugar, Ele nos criou, para vivermos no paraíso junto Dele, nos deu alimento abundante e muitos animais para nos servir. Esse é o primeiro passo rumo a Aliança que Deus quis fazer com o homem. Porém o homem pecou. Comeu da árvore proibida, tomado pela vaidade. E o homem continuou a pecar, tanto que Deus quis arruiná-lo, junto com toda a terra, por meio do dilúvio (Gn 6, 5-13). Porém, mais uma vez teve misericórdia e salvou Noé e sua família. Deus estabeleceu sua Aliança conosco por meio de Abraão, o pai da humanidade que crê. E, sem desistir de nós, realizou a Nova Aliança por meio de Jesus Cristo, que venceu a morte e nos salvou do pecado: “De fato, morrendo, ele morreu para o pecado de uma por toda; e, vivendo, ele vive para Deus. Assim também vocês se considerem mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus.” (Rm 6,10-11)

Tendo isso em conta, por que Deus quis nos salvar?

Porque Ele nos ama. Em seu evangelho, São João fala: “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que não morra quem nele acredita, mas tenha vida eterna” (Jo 3, 16). São Paulo nos fala muito bem sobre tudo isso na teologia da justificação*, que diz que todos, sem distinção, nos encontramos na injustiça ou pecado, devido ao pecado de Adão e Eva e, assim, são todos objetos da ira de Deus. Por isso Ele, por sua graça, oferecida gratuitamente mediante Jesus Cristo, estabelece a justiça, realizando a justificação. Justificar-nos quer dizer tornar-nos justos. E isso acontece pela adesão pessoal de fé em Cristo (Jo 3, 21-26).

Resumindo: fomos justificados pela redenção realizada por Cristo Jesus.  Como? Gratuitamente, pela graça de Deus. Por quê? Porque Deus nos ama.

Indo além da pergunta, você pode pensar: “mas eu realmente não mereço ser salvo(a)!” O Catecismo da Igreja Católica diz que, diante de Deus, não há mérito da parte do homem, pois entre Ele e nós a diferença é infinita, pois dele tudo recebemos. Como a iniciativa pertence a Deus na ordem da graça, ninguém pode merecer a graça primeira, na origem da conversão, do perdão e da justificação. Portanto, nenhum de nós pode merecer a graça primeira. Podemos, sim, sob a monção do Espírito Santo e da caridade, em seguida merecer as graças úteis à nossa santificação, ao crescimento da graça e da caridade, e também para ganhar a vida eterna através da oração cristã. Esta atende à nossa necessidade de graça para as ações meritórias (CIC 1996-2011).

Santo Agostinho pensa que “a justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra”, pois “os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre” (Sto Agostinho, In Ev. Jo., 72,3).

Você já agradeceu a Deus hoje por seu amor gratuito para com você?

“Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti.” (Santo Agostinho)

Paz e bem

*Veja também: Bula Ineffabilis Deus, do Papa Pio IV.

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