Quaresma – Parte 1- Yuri Menezes

Por 15 de fevereiro de 2016 Doutrina Nenhum Comentário

O termo “Quaresma” surgiu a partir da frase em latim “Quadragesima die Chritus pro nobis tradetur”, que quer dizer “Daqui quarenta dias, Cristo será entregue por nós”. Não se sabe ao certo quando a Quaresma foi introduzida no Ano Litúrgico, mas data do ano 350 d.C. os primeiros registros dos quarenta dias em preparação para a Páscoa de Cristo.

O tempo da Quaresma se inicia na Quarta-feira de Cinzas e se estende até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive, na Quinta-feira Santa¹. Através desse tempo a Igreja nos prepara para viver a celebração da Morte e Ressureição do Senhor e entrarmos no tempo Pascal. Por isso, é um tempo de renovação espiritual e tem como meta a conversão e a expiação dos nosso pecados.

Damos início a Quaresma na celebração da Quarta-feira de Cinzas, onde a Igreja nos traz a Palavra dirigida a Adão: “porque és pó, e pó te hás de tornar” (Gn 3, 19); e nos lembra da efemeridade dessa vida terrena e que um dia deveremos prestar conta de nossos atos e das graças que recebemos, para, enfim, entrar na Verdadeira Vida, para que consigamos alcançar a santidade e se sermos alcançados pelas promessas de Deus a Igreja ainda nos exorta: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).

A liturgia também sofre algumas alterações, previstas no Missal, durante esse tempo penitencial. Já a partir da Missas das Cinzas, na Quarta-feira, o Glória é omitido e não se canta o Aleluia, mas outra fórmula de aclamação prevista pelo Missal Romano. Na Quarta-feira de Cinzas não se reza o Credo, mas o mesmo é rezado normalmente durante os Domingos e Solenidades na Quaresma.

Também na Quarta-feira de Cinzas, há o rito de imposição das cinzas, que provém da queima dos Ramos bentos no ano anterior, elas são um sinal da nossa vida efêmera aqui na terra e um convite a penitência. Não necessariamente o rito de benção e a imposição devem estar unidos a Missa. As cinzas são impostas de duas maneiras: sobre a fronte ou no alto da cabeça, ambas em forma de cruz, sob os seguintes dizeres: “Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1, 15) ou “Tu és pó e ao pó hás de tornar” (Gn 3, 19).

O tempo quaresmal possui seis domingos, sendo o quarto chamado de Domingo de Laetare (Alegra-Te) e o último de Domingo de Ramos. Há duas solenidades que coincidem com o tempo da quaresma, a solenidade de São José (19/03) e da Anunciação do Senhor (25/03), que, caso caiam em um domingo, são antecipadas para o sábado ou adiadas para a segunda-feira. A cor litúrgica do tempo é o roxo, exceto no Domingo de Laetare e no Domingo de Ramos, que são, respectivamente, celebrados com paramentos rosa e vermelho.

Os quarenta dias da Quaresma têm origem bíblica e ensina-nos Bento XVI: “Trata-se de um número que exprime o tempo de expectativa, de purificação, do regresso ao Senhor, da consciência de que Deus é fiel às Suas promessas”. Já no Antigo Testamento podemos observar a presença desse número, por exemplo, durante o dilúvio (Gn 7, 17; Gn 8, 6); o tempo que Moisés permanece no Monte Sinai até receber a Lei (Ex 24, 18); ou ainda, os quarenta anos de caminhada até Canaã (Ex 16,35). Essa numerologia também está presente no Novo Testamento, nos quarenta dias em que Jesus é tentado no deserto (Lc 4, 11); nos quarenta dias em que Jesus instruiu seus apóstolos da Ressureição até Pentecostes (At 1, 1-13).

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