A virtude da Prudência – Klycia Siebra

Para melhor compreender nossa finalidade de vida, vamos entender os três graus da alma. No primeiro grau, tem-se a Alma Vegetativa, de modo que o objetivo é: nascer, crescer, reproduzir e morrer, que é o grau das plantas. No segundo grau , tem-se a Alma Instintiva, é o grau dos animais, que tem o instinto de comer, por exemplo. No terceiro grau, a Alma racional, grau dos seres humanos, temos a propriedade de escolha e temos finalidade e direção de vida. Portanto, todos temos uma finalidade e para nós cristãos, a nossa finalidade deve ser o céu, a santidade. Para alcançarmos esse objetivo precisamos de uma virtude muito importante que é a prudência.

Citarei algumas definições dessa virtude.
“A Prudência é a virtude que dispões os meios para alcançar o fim.” – Pe. Paulo Ricardo.
Ser prudente é agir de um modo “pensado”, racional, não instintivo ou inconsciente.” – Pe. Faus.
A prudência dispõe a razão prática para discernir, em todas as circunstâncias, o verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o realizar.” – 1835, Catecismo da Igreja Católica.

Jean Lauand, em sua obra “Prudência, a virtude da decisão certa”, afirma que “para Tomás de Aquino, sem a prudência não há nenhuma virtude.” O que Santo Tomás de Aquino quis dizer é que se você diz que vai viver a virtude da pureza, porque acha bonito uma mulher pura, porque seu namorado prefere, e ai você busca a pureza no vestir, a modéstia, você procura a doçura também, porque Maria é assim e você acha lindo como Maria é, mas a sua finalidade não é agradar a Deus, não é o céu, então você não tem a virtude da pureza, nem da doçura.

Quando você quer, por exemplo, se casar, formar uma família e ser bem sucedido na sua profissão, isso não é errado você querer, mas se o seu objetivo de vida for esse, aí está errado. Então a castidade que você viver no namoro, no casamento, a paciência com os filhos, a caridade no trabalho, a mortificação no dia a dia, tudo isso será em vão, pois você colocou a finalidade errada, a sua finalidade deve ser sempre o céu, agradar a Deus. A família e a profissão são meios para alcançar o céu.

Na Suma Teológica, Santo Tomás de Aquino diz que a Prudência pode ter três sentidos: O primeiro sentido é a prudência falsa. É a prudência dos pecadores, o ser humano escolhe a finalidade inadequada. Por exemplo, quando a finalidade da pessoa é ser ladrão, ele pode ser considerado um bom ladrão, pois rouba muito tendo assim a falsa prudência. O segundo sentido é a prudência imperfeita. É a prudência quando a pessoa escolhe uma finalidade que é boa, mas que não é a finalidade última.  Por exemplo, a finalidade é ser rico, isso é bom, dinheiro faz mal à ninguém, mas não é a finalidade última. Há duas razões para a prudência ser imperfeita, uma é ter um fim inadequado ou parcial, como já explicado acima, a segunda razão é quando a pessoa não comanda, ou seja, é uma pessoa acomodada e não que tem nenhuma ação propriamente dita para alcançar a santidade. Essa imprudência pode ser encontrada nas pessoas boas e más. O terceiro sentido é a prudência perfeita, que de acordo com Santo Tomás de Aquino, é  aquela que delibera, julga e comanda retamente em vista do fim bom da vida toda, esta somente é chamada prudência, de modo absoluto. Ou seja, é quando de fato colocamos como nosso fim último a santidade. Essa prudência é encontrada nas pessoas boas.

Pe. Faus disse que a maior imprudência da vida é ser superficial. Ou seja, quando você vai no embalo, porque uma pessoa decidiu fazer algo, você vai e faz também, ser “maria vai com as outras”. Quando você se deixa levar por emoções e paixões ou sentimentalismo irracional. Não é errado você sentir raiva de alguém ou ter ambição na vida, mas não pode deixar que isso controle sua vida. Quando a mãe passa a mão na cabeça do filho, ela está se deixando levar pelo sentimentalismo. Quando você procura falsas razões para justificar aquilo que deseja, por exemplo, quando você vai a um rodizio de pizza e come mais do que deveria cometendo a gula, se justificando pela fome. Quando você toma decisões movido pelos nervos e pressa, você não está raciocinando, esta sendo afobado e impulsivo, esquecendo que tem uma alma racional.

Para chegar na virtude da prudência precisa-se de reflexão, juízo e decisão.

Reflexão para não se deixar levar pelas emoções, paixões e interesses, para refletir prudentemente é preciso, primeiramente, vencer a preguiça de pensar. Muitas vezes deixamos pra lá, não refletimos sobre o que aconteceu no nosso dia, as alegrias, as chateações, as raivas. Para isso, é preciso também ter tempo para pensar sobre a vida e as coisas da vida. Temos que separar um tempo do nosso dia para refletirmos o que fizemos, para refletirmos nossas emoções, para meditarmos e consequentemente para rezarmos. É importante também cultivar o hábito da leitura, que facilita o hábito de pensar. É necessário também saber usar a memória para retificar os seus erros. Ser humilde, para pedir luz a Deus e pedir conselho a quem possa dar.

Juízo ou Avaliação para poder enxergar o que é no caso moralmente melhor ou, pelo menos, bom. Para ter equilíbrio, por exemplo, equilíbrio entre estudos, vida social e sua vida de oração e igreja. Saber ter prioridades. Saber utilizar os meios que Deus nos oferece.

Decisão para vencer o comodismo e o medo. Para não cair na cautela medrosa, por exemplo, você diz que não quer converter algum amigo ou familiar, porque ele fala muito palavrão e quando converso com ele eu acabo falando também. Por “cautela”, por medo, você não tenta resgatar uma alma pra Deus. Para ter constância, constância no esforço, na oração e nas atitudes.

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  • josé disse:

    Oi Gente, estou fazendo uma visitinha por aqui.
    Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens
    Gosto muito desse tipo de conteúdo um Abraço :)

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