A virtude da Temperança – Bia Pontes

Temperança é definida, pelo Catecismo da Igreja Católica, como a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. A palavra Temperança vem do latim “temperare”, que significa “ser moderado” ou “misturar em devidas proporções”. Nessa perspectiva, tal virtude pode ser considerada o freio da nossa alma, já que é com a ajuda dela que podemos combater a nossa concupiscência, ou seja, nossa vontade natural de satisfazer prazeres, o que, muitas vezes, nos leva ao pecado, porque buscamos essa satisfação nas coisas do mundo, não em Deus, a verdadeira alegria. A falta de Temperança pode nos levar à, principalmente, três pecados:

 1) Gula, que é o desejo insaciável que muitas pessoas possuem. Tal vontade está relacionada, na maioria dos casos, com comidas e bebidas. Esse pecado também pode ser ligado ao egoísmo, dado que, por vezes, não sabemos compartilhar o que temos, só pensamos no nosso bem estar. A gula deixa a alma pesada, indisposta e desanimada.

2) Luxúria, que é o apego aos prazeres carnais. A banalidade com a qual a busca pela satisfação sexual é tratada é, de fato, algo muito preocupante atualmente, já que muitas pessoas, principalmente jovens, escolhem viver uma vida no pecado do que ao lado de Deus, esquecendo-se de que nenhum prazer oferecido pelas coisas do mundo poderá trazer a plena felicidade que só o amor de Deus é capaz de dar. Tal pecado pode interferir, por exemplo, na fidelidade do matrimônio, bem como levar ao vício por pornografia e masturbação.

3) Soberba, que é, basicamente, orgulho. Deus, com o infinito amor que tem por nós, nos ama de maneira única e, mesmo que a gente peque, mesmo que a gente se afaste, Deus sempre está lá, esperando por nós. Porém, muitas vezes, nos esquecemos disso. Muitas vezes, não sabemos ser gratos à Ele por tudo que faz por nós e só enxergamos as coisas que dão errado, somos orgulhosos e não temos a humildade de reconhecer a grandeza de Deus diante de nós. Outras vezes, nos comportamos como fariseus e nos achamos melhores que os outros, julgando os pecados dos outros e esquecendo os nossos próprios. A soberba nos leva à cegueira espiritual, nos impedindo de amar completamente o Senhor.

Portanto, como combater esses pecados?

Primeiro, abstinência, tanto alimentar quanto sexual. A abstinência é um sacrifício que deve ser feito na busca por aproximar o nosso coração com o de Deus, oferecendo essa penitência como uma forma de ruptura total com o pecado e renunciando coisas que, por mais que gostemos, temos consciência de que nos é prejudicial. A realização de jejuns, por exemplo, é uma maneira de evitar cometer o pecado da gula.

Segundo, castidade e modéstia. Desprender-se de toda vaidade; vestir-se de maneira modesta, o que vale para homens e mulheres; evitar chamar a atenção do próximo pelo modo que se comporta ou se veste; renunciar a malícia; ter relacionamentos castos, centrados em Deus; afastar-se de companhias que causam más influências e te afastam de Deus. Buscar ser, realmente, imagem e semelhança de Deus. “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5:8).

Terceiro, humildade. Que exemplo maior de humildade precisamos para nos inspirar a não ser Jesus? Sua vida inteira passou nos ensinando a sermos mais humildes: ajudar o próximo mesmo que não o conheçamos, respeitar as pessoas, não se vangloriar por fazer uma boa ação, não fazer algo bom apenas pra ter reconhecimento. “Quando, pois, dás esmola, não toques trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mt 6:2). Renuncie a si mesmo, tome sua cruz, siga seu Mestre. Ter gratidão pelas maravilhas que Deus faz na sua vida e ser solidário com as necessidades do próximo, certamente, ajudará você a se aproximar de Deus e o agradará. Faça da sua vida uma eterna oferta de agradecimento à Deus!

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