Ação demoníaca – Parte 1

7. Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, 8.mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles. 9.Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos”Ap 12,7-9.

I – Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio (1 Jo 3,8).

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que a missão de Jesus foi nos tirar das mãos do Demónio. Caso contrário, não compreenderemos a obra de salvadora de Jesus e se negaria a existência de Satanás e dos demônios e a sua influência no mundo e sobre os homens.

A sua existência é real. Basta observarmos rapidamente os Evangelhos e toda a obra que Jesus fez nos que estavam sob influência do inimigo. Mas, ainda há quem tente negar sua existência, no século XX o Papa Paulo VI, em uma catequese, definiu satanás como: “Um ser vivo, espiritual, pervertido e preservo, o inimigo número um, o tentador por excelência; um ser obscuro e perturbador, que existe verdadeiramente e com traiçoeira astúcia está ainda agindo. Sai do quadro do ensino bíblico e eclesiástico quem se recusa a reconhecê-lo existente”.

 

II – Quem é Satanás?

O termo Satanás deriva do hebraico “sàtan”, que significa adversário, inimigo, perseguidor, acusador, caluniador.

Ele é o mestre em introduzir confusão e discórdia através do pecado e da mentira para irmos contra Deus.

Outra tradução para Satanás vem do grego diabolôs (diabo), que significa separador, divisor, e expressa muito bem sua missão de nos separar de Deus. Fazer perdermos nossa salvação e romper com a aliança que Deus quer com os homens. E Satanás não está sozinho. Uma quantidade grande de espíritos do mal o segue e o serve, nessa batalha para tirar os homens do seu caminho de volta a pátria amada.

Satanás e os seus servos são anjos caídos, que por sua própria vontade se rebelaram contra Deus, como ensina o Catecismo da Igreja Católica:

  1. Por detrás da opção de desobediência dos nossos primeiros pais, há uma voz sedutora, oposta a Deus (266), a qual, por inveja, os faz cair na morte (267). A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo decaído, chamado Satanás ou Diabo (268). Segundo o ensinamento da Igreja, ele foi primeiro um anjo bom, criado por Deus. «Diabolus enim et alii daemones a Deo quidem natura creati sunt boni, sed ipsi per se facti sunt mali – De fato, o Diabo e os outros demônios foram por Deus criados naturalmente bons; mas eles, por si, é que se fizeram maus» (269).
  2. A Escritura fala dum pecado destes anjos (270). A queda consiste na livre opção destes espíritos criados, que radical e irrevogavelmente recusaram Deus e o seu Reino. Encontramos um reflexo desta rebelião nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: «Sereis como Deus» (Gn 3, 5). O Diabo é «pecador desde o princípio» (1 Jo 3, 8), «pai da mentira» (Jo 8, 44).
  3. É o carácter irrevogável da sua opção, e não uma falha da infinita misericórdia de Deus, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. «Não há arrependimento para eles depois da queda, tal como não há arrependimento para os homens depois da morte» (271)

Após ler tudo que estou expondo até agora, é importante entendermos que satanás não é um deus do mal. Não existe um deus do bem e um deus do mal, no caso o diabo, pois, estaríamos, com esse pensamento, dando poderes que o mesmo não possui. O Catecismo expõe sobre:

  1. No entanto, o poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas, de qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação do Reino de Deus.

Ou seja, satanás é uma criatura que se rebelou contra Deus, logo, seu poder apesar de ser real, não o trona no mesmo patamar da Divindade suprema. Essa heresia de comprar o diabo a Deus é conhecida como Maniqueísta, que defende basicamente que o diabo não tem um criador, e que sempre existiu.

 

III – Por que Deus permite a ação dos demônios?

Você deve se perguntar, se Deus é infinitamente superior ao satanás, por qual motivo Ele deixa que ocorra a ação do inimigo?

O Catecismo da Igreja Católica no seu número 395 segunda parte, tenta nos clarear a ideia do motivo de Deus deixar que essas ações aconteçam:

  1. Embora Satanás exerça no mundo a sua ação, por ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves prejuízos – de natureza espiritual e indiretamente, também, de natureza física – a cada homem e à sociedade, essa ação é permitida pela divina Providência, que com força e suavidade dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério. Mas «nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28).

São Tomás de Aquino escreve sobre essa dúvida falando que “para que o homem se exercite no bem por meio da luta contra o que é contrário ao bem” e possa ter a oportunidade de purificar-se e de elevar-se espiritualmente. Fazendo que nossa reação contra essa ação do inimigo seja um meio de crescermos espiritualmente.

Podemos assim dizer que os demônios se tornam, sem a vontade deles, servos de Deus. E São Tomás de Aquino continua: “É para tornar maiores os nossos méritos, mais puras e mais elevadas as nossas virtudes, mais rápido o nosso caminho para Ele. Que Deus permite ao diabo tentarmos e colocar-nos a prova”. São João Crisóstomo segue essa mesma linha de raciocínio: “Se vós perguntarem por que Deus tenha deixado subsistir o demônio, respondei: Deus deixou-o subsistir para que, longe de fazer mal aos homens atentos e vigilantes, o demônio se torne útil a eles. Não certamente pelo fato de sua vontade, que é perversa, mas graças à corajosa resistência daqueles que fazem transformar-se a malicia dele para vantagem sua”.

Portanto, Deus no seu infinito amor e sabedoria sabe extrair das ações do demônio vantagens que nos ajudará. Mas que fique claro, a ação que Ele permite é a ação ordinária, no caso, a tentação; E raras as vezes a ação extraordinárias que é a infestação, a vexação, a obsessão ou a possessão. “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela”. (1 Coríntios 10,13)

Sobre a tentação São Tomás de Aquino transcreve: “tentar, propriamente, quer dizer submeter uma coisa a experimento, com o objetivo de conhecê-la melhor: por este motivo a finalidade imediata de toda ação tentadora é o conhecimento. Este último pode ser empregado posteriormente de maneira positiva ou negativa, isto é, para um fim bom ou para um fim mau: bom no caso de que queira descobrir a qualidade de uma pessoa tanto no campo do saber quanto no campo da virtude, para ajudá-la a progredir posteriormente; mal ao invés quando uma pessoa quer descobrir tudo isso para podê-la enganar e arruinar”.

E como devemos nos defender? O Papa Paulo VI nos ensina: “Qual defesa, qual remédio opor à ação do demônio? (…) tudo que nos defende do pecado nos protege, por isso mesmo, do inimigo invisível. A graça é a defesa decisiva. A inocência assume um aspecto de fortaleza. E, depois, cada um recorda quanto a pedagogia apostólica simbolizou na armadura de um soldado as virtudes que podem torna um cristão invulnerável. O Cristão deve ser militante; deve estar vigilante e ser forte e deve também recorrer a algum exercício ascético especialmente para afastar certas incursões diabólicas. Jesus ensinou isso indicando o remédio: ‘na oração e no jejum’. E apóstolo sugere a linha-mestra a seguir: ‘Não te deixeis vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem’.

Então, nessa primeira parte vimos quem é Satanás, que ele é criatura e não um deus do mal, e que Deus se utiliza de algumas ações do inimigo para fazer com que cresçamos espiritualmente, deixando somente o que suportamos, e devemos recorrer a oração e jejum, se não, o plano para nosso crescimento, pode acabar que nos derrubando.

Sejamos vigilantes!

por Diego Lima

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