Oração mariana, o exemplo de oração pessoal- Luana Lóscio

Por 16 de fevereiro de 2016 Maria Nenhum Comentário

Muitos cristãos, inclusive católicos, não reconhecem Maria como mãe, auxiliadora, medianeira, advogada e mãe da Igreja.  Porém, é inegável e indiscutível que Maria é modelo de uma espiritualidade autêntica para todos os cristãos. Aqui trataremos, especialmente, do modelo de oração que Maria nos deixou.

“Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus, porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.”  (Lucas 1, 28-31.34-35.37-38) O anúncio que o anjo Gabriel fez a Maria, comunicando-a que Deus a escolhera para ser a mãe do Messias teve como resposta o Fiat, que significa “faça-se”. Tal resposta em si não representa uma oração, mas o caminho de oração de Maria. Não foi uma resposta imediata, por impulso. Filha de uma tradicional família judia, Maria conhecia muito bem as Escrituras e não só acreditava na vinda do Messias, como ansiava por isso. Mesmo sem compreender os planos de Deus profundamente, Maria movida pela fé, pela fidelidade, abnegação e obediência a Deus que permeavam sua vida, usou de seu livre arbítrio e pronunciou seu sim incondicional a Deus.

“Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade para sempre.”  (Lucas 1, 41-55)

Após a Anunciação do Anjo Gabriel e de ter concebido pelo Espírito Santo a Jesus, Maria como a primeira discípula missionária foi à casa de sua parenta anunciar a Boa Nova e que “nada é impossível a Deus”. Como resposta à saudação de Maria e à presença do Santo Espírito de Deus, primeiro respondeu o filho de Isabel e em seguida sua mãe que proclamou a primeira bem-aventurança à Maria pela sua fé. Como resposta, Maria entoou um cântico de louvor ao Seu Senhor, magnificando-o, o Magnificat. Mais uma vez, ela transparece sua alma e espiritualidade, seu caminho de oração – o relacionamento profundo, abrangente e integrado que mantém com Deus. É importante perceber que ela tem consciência de quem é Deus, que ora contemplando a lembrança do passado, o presente e o futuro. Neste cântico, Maria narra sua experiência com Deus, o Deus que age, intervém na sua história – assim como na história de seu povo – com toda sua onipotência, onisciência e onipresença. Percebemos, inicialmente, o coração reto e indiviso de Maria, assim como no Fiat, que escolhe livremente com a totalidade de seu ser – corpo, alma, mente e espírito – por seguir a Deus. A humildade e honestidade permitiam que Deus fosse o único Senhor da vida de Maria, que não se deixava escravizar pelo ego ou por nenhum bem e permitiam também que ela nem se auto-promovesse, nem se auto-depreciasse, mas se auto-esvaziasse pelos outros. A alegria interior autêntica que Maria manifesta é fruto de um caminho de participação na vida da graça, de comunhão com Deus, mas também de um caminho de serviço, de sofrimento. Já ao proclamar “Santo é o Seu nome”, Maria compreendia a santidade de Deus e o seu chamado à conversão através de um relacionamento com Ele, que nos transforme e também nos santifique, nos faça dar frutos através da fé e do amor. Depois, Maria demonstra que o temor ao Senhor nos faz não só ser atingidos pelos raios da misericórdia divina, como também nos leva a ser mensageiros e espelhos dessa misericórdia aos irmãos. Ao exaltar o “poder do braço de Deus”, Maria demonstrou entender que o mesmo age de forma justa e com um amor misericordioso, que “guardava tudo em seu coração” mesmo diante de tribulações, pois o “braço forte de Deus” age para que seus filhos vivam em plenitude. Maria compreendia a primazia do ser sobre o fazer, sobre o poder, sobre o ter; e compreendia que essa era a natureza de Deus, que exalta os humildes, os justos, os pobres em espírito; portanto, simplicidade também era uma de suas virtudes, ela compreendia que quando se tem Deus, se tem tudo, ainda que não possua nada. Pois, tudo que se possui é dom, é virtude, é graça do Criador; e dele somos totalmente dependentes. Por fim, Maria faz referência à memória de Deus, à eternidade de suas promessas, e demonstra profunda gratidão a esse Deus que mantém Sua Palavra, Sua Aliança com seus filhos.

Por toda a vida de Maria, ela continua a ser o modelo de espiritualidade autêntica para nós cristãos; na apresentação de Jesus no Templo, nas Bodas de Caná, durante toda a vida pública de Jesus, em sua morte e ressurreição, e após sua morte, como no Dia de Pentecostes. O caminho que Maria percorreu é “um caminho mais excelente” para a Salvação. Por isso, devemos acolher Maria em nosso coração, imitá-la em nossa oração. Que contemplemos sempre a vida de Maria, busquemos suas virtudes e passemos a não mais orar, mas como Maria ter um caminho de oração, ter uma atitude orante durante toda nossa caminhada espiritual e vida; e, desta forma, cada vez mais demos nosso “Sim” e magnifiquemos Nosso Senhor Jesus Cristo com nossas vidas assim como Sua Mãe Santíssima!

“Toda a glória da Filha do Rei está no interior” (Sl 44,14)

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